Aquecimento Global e o Risco de Contaminação do Arroz por Arsênio

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Foto: Alamy/Via BBC Brasil

O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo, servindo como base na alimentação de bilhões de pessoas. No entanto, um novo estudo aponta que as mudanças climáticas podem ampliar os níveis de arsênio inorgânico presentes nos grãos, representando um risco à saúde humana.

O Problema do Arsênio no Arroz

O arsênio é um elemento químico natural, encontrado no solo e na água. Durante o cultivo, os grãos de arroz podem absorver essa substância, que, em níveis elevados, pode ter impactos negativos na saúde. Embora existam limites regulatórios para sua concentração nos alimentos, cientistas alertam que o aumento das temperaturas globais e dos níveis de dióxido de carbono (CO₂) pode intensificar a presença do arsênio nos arrozais.

Riscos para a Saúde

O consumo prolongado de arsênio inorgânico está associado a diversas doenças, como câncer, problemas cardiovasculares e diabetes. Segundo estimativas do estudo, caso os níveis da substância no arroz aumentem conforme as previsões climáticas, milhões de novos casos de câncer podem surgir, especialmente em países como a China, onde o arroz é essencial para a alimentação diária.

Influência das Mudanças Climáticas

Pesquisadores realizaram experimentos ao longo de 10 anos, cultivando 28 variedades de arroz em diferentes locais da China. Eles observaram que a concentração de arsênio nos grãos crescia proporcionalmente ao aumento de temperatura e de CO₂ na atmosfera. O fenômeno ocorre porque bactérias anaeróbicas presentes no solo facilitam a absorção do arsênio pelas plantas.

O estudo também indicou que, se as tendências atuais de emissão de carbono se mantiverem, os níveis de arsênio no arroz poderão se tornar um problema global, afetando produções na Europa, Estados Unidos e outras regiões agrícolas.

Possíveis Soluções

Diante desse cenário preocupante, especialistas sugerem alternativas para minimizar os riscos de contaminação:

  • Mudanças na irrigação: técnicas que alternam períodos de inundação e drenagem podem reduzir a absorção de arsênio, embora possam aumentar a concentração de outros contaminantes, como o cádmio.
  • Uso de fertilizantes específicos: certas combinações de nutrientes podem modificar o microbioma do solo e diminuir a absorção de arsênio pelas raízes do arroz.
  • Cultivo em áreas menos contaminadas: regiões que utilizam água da chuva para irrigação tendem a apresentar menor concentração de arsênio nos grãos, como observado em algumas partes da África Oriental.

Regulamentação e Controle

Alguns países já adotaram limites mais rigorosos para a presença de arsênio no arroz. A União Europeia, por exemplo, impôs um limite de 0,2 mg/kg, enquanto a China propôs regulamentações semelhantes. No Brasil, a Anvisa estabeleceu um limite de 0,20 mg/kg para arroz branco e 0,35 mg/kg para arroz integral, garantindo que os grãos comercializados no país estejam dentro de padrões seguros.

Apesar disso, especialistas defendem que mais pesquisas e ações sejam realizadas para mitigar os impactos do aquecimento global sobre os níveis de arsênio nos alimentos. Afinal, o arroz continuará sendo um elemento essencial na alimentação mundial, e garantir sua qualidade será um desafio crescente nos próximos anos.

Fonte: Redação

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