O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (2 de maio de 2025) a retirada da isenção de impostos para remessas de baixo valor provenientes da China e Hong Kong. A medida afeta diretamente gigantes do comércio eletrônico como Shein, Temu e AliExpress, além de impactar o fluxo de produtos enviados por meio de serviços postais.
Até então, os EUA permitiam que itens importados com valor inferior a US$ 800 fossem isentos de tarifas alfandegárias e impostos. Essa política, vigente desde 1938, foi ampliada durante o governo de Barack Obama, quando o Congresso quadruplicou o limite de isenção, facilitando o aumento das remessas internacionais.
Com a nova decisão, produtos enviados da China por meio de serviços postais estarão sujeitos a um imposto de 120% sobre o valor do pacote ou a uma taxa fixa de US$ 100 por pacote. Esse valor será elevado para US$ 200 a partir de junho.
A mudança afeta diretamente empresas como Shein, Temu e AliExpress, que utilizavam a isenção para oferecer preços mais competitivos no mercado americano. A Shein, por exemplo, já havia solicitado uma reforma na política comercial dos EUA em 2023, alegando que era necessário um campo de jogo nivelado e transparente para que as regras fossem aplicadas de maneira justa.
A decisão também impacta a Amazon, que recentemente lançou o serviço Haul, permitindo que comerciantes enviassem produtos diretamente da China utilizando a isenção. Agora, essas empresas precisarão ajustar suas estratégias para lidar com os novos custos impostos pelo governo americano.
Trump justificou a medida alegando que a China pratica comércio desleal e que a isenção facilitava a entrada de fentanil nos EUA, contribuindo para a crise de saúde pública causada pela droga. Em 2023, cerca de 75.000 pessoas morreram nos Estados Unidos devido ao consumo de fentanil, e investigações revelaram que traficantes estavam utilizando a isenção para importar precursores químicos da substância.
Além disso, a decisão faz parte da estratégia de Trump para reduzir o déficit comercial dos EUA com a China, que atingiu US$ 279 bilhões em 2023.
A retirada da isenção pode ter consequências significativas para a economia da China. Em 2024, o país exportou US$ 240 bilhões em bens diretos ao consumidor que se beneficiavam de isenções em todo o mundo, representando 7% das vendas externas e contribuindo com 1,3% do PIB chinês.
Analistas da Nomura estimam que a eliminação da isenção nos EUA pode desacelerar o crescimento das exportações chinesas em 1,3 ponto percentual e reduzir o crescimento do PIB em 0,2 ponto. Caso a União Europeia e o Sudeste Asiático adotem medidas semelhantes, o impacto pode ser ainda maior.
Os setores mais afetados incluem:
- Vestuário (35% das exportações diretas da China)
- Eletrônicos de consumo (22%)
- Decoração doméstica (17%)
- Produtos de beleza (7%)
Fonte: Redação