Ex-comandante da Aeronáutica diz que Bolsonaro sabia da segurança das urnas e tentou adiar relatório

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Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica — Foto: Isac Nóbrega/PR

O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, afirmou nesta quarta-feira (21 de maio) que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia que não havia fraudes no processo eleitoral e pressionou pelo adiamento da divulgação de um relatório que atestava a lisura das urnas eletrônicas.

O brigadeiro prestou depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação que investiga uma tentativa de golpe articulada por Bolsonaro e seus aliados. Baptista Júnior foi ouvido como testemunha de acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e também como testemunha de defesa dos réus Jair Bolsonaro, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).

Bolsonaro foi informado sobre a ausência de fraudes

Durante o depoimento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou Baptista Júnior sobre se Bolsonaro tinha conhecimento de que não havia indícios de fraude no sistema eleitoral. O ex-comandante da Aeronáutica respondeu:

“Sim, [Bolsonaro foi informado disso] através do ministro da Defesa. Além de reuniões que eu falei, o ministro da Defesa que despachava sobre esse assunto.”

Em seguida, Baptista Júnior foi indagado se Bolsonaro tentou interferir na divulgação do relatório que confirmava a segurança das urnas eletrônicas. Ele respondeu:

“Sim. O relatório foi entregue no dia 9. Eu ouvi que sim [pressionou pelo adiamento da divulgação], certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão.”

Primeiros depoimentos no julgamento

As testemunhas de acusação começaram a ser ouvidas na segunda-feira (19 de maio). Entre os depoentes estão:

  • Éder Lindsay Magalhães Balbino, empresário acusado de produzir material com suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas.
  • Clebson Ferreira de Paula Vieira, servidor que teria elaborado planilhas para mapear a movimentação de eleitores no segundo turno das eleições de 2022.
  • Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal, acusado de dificultar o deslocamento de eleitores.
  • Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.

Denúncia contra Bolsonaro e aliados

A PGR denunciou Bolsonaro e 33 aliados por crimes como golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Segundo a denúncia, o grupo tentou impedir que o resultado das eleições fosse cumprido.

Os acusados foram divididos em núcleos, sendo Bolsonaro e Mauro Cid parte do “núcleo crucial” do golpe. Outros integrantes incluem:

  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI.
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

O julgamento segue com novas oitivas e expectativa de revelações sobre o caso.

Fonte: Redação

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