Carlos de Almeida Baptista desmente Freire Gomes e confirma voz de prisão a Bolsonaro

3 Min de leitura
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (21/5), que o ex-comandante do Exército general Freire Gomes ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele insistisse em aplicar a Garantia da Lei e Ordem (GLO) e uma “minuta do golpe” para tentar reverter uma derrota eleitoral.

Freire Gomes havia negado a declaração também em oitiva no STF, mas Baptista voltou a dizer que a conversa aconteceu em reunião no Palácio do Planalto.

Na primeira audiência das testemunhas de acusação do chamado núcleo 1 da trama golpista, Freire Gomes negou a afirmação do então chefe da Aeronáutica. “A mídia até reportou aí que eu teria dado voz de prisão ao presidente, não aconteceu isso de forma alguma. Acho que houve aí uma má interpretação, até quando nós conversamos em paralelo aí, os comandantes”, disse.

Freire Gomes afirmou que, em reuniões, Bolsonaro aventou a possibilidade de fazer um levantamento sobre uma possível GLO ou intervenção fora das previsões da Constituição. “O que eu alertei ao presidente, sim, foi que, se ele saísse dos aspectos jurídicos, né, além de ele não poder contar com nosso apoio, ele poderia ser enquadrado juridicamente.”

Baptista, no entanto, nesta quarta, respondeu à pergunta do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que Freire Gomes afirmou a Bolsonaro: “Se o sr. fizer isso, terei que te prender”.

Gonet perguntou: “Há no seu depoimento uma declaração sobre uma ordem de prisão de Freire Gomes para prender Bolsonaro. O sr. confirma?”.

Baptista respondeu: “Confirmo, sim. O sr. general Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou essa frase com agressividade, mas colocou exatamente isso: ‘Se o sr. fizer isso, terei que te prender’”.

Sobre a reunião em que houve o recado da prisão, Baptista ainda confirmou que aconteceu “em novembro, possivelmente entre os dias 1º e 14 de novembro. No salão do Alvorada, ficávamos no sofá. Eu, Paulo Sérgio, Almirante Garnier. Não me lembro de civis na reunião”.

Testemunha

Baptista Júnior é testemunha de acusação convocada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para depor em ação penal que analisa suposta trama golpista do chamado núcleo 1, grupo do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) faz parte.

Baptista Júnior prestaria depoimento nessa segunda-feira (19/5), com outros quatro convocados pela PGR, no entanto, ele solicitou a alteração da data, e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, atendeu ao pedido, remarcando o depoimento para esta quarta. A oitiva ocorre por videoconferência.

Fonte: Metropolis

Compartilhar