O aumento histórico no preço da saca de café em 2025 tem gerado uma nova preocupação para os produtores do Sul de Minas: furtos diretamente das plantações. Agricultores relatam prejuízos frequentes e um clima de insegurança crescente, enquanto criminosos aproveitam a valorização do grão para invadir propriedades rurais e roubar sacas recém-colhidas.
Em Campestre (MG), um homem foi preso ao ser flagrado com sacos de café furtados. Já em Ibiraci (MG), um suspeito foi espancado e morto após ser pego roubando café diretamente dos pés. Esses episódios refletem a vulnerabilidade dos produtores, que têm investido em câmeras de monitoramento e vigilância privada para tentar conter os crimes.
A cafeicultora Alessandra Peloso, de Ilicínea (MG), já foi vítima de furtos três vezes. Além do café, criminosos levaram máquinas agrícolas, pneus e produtos químicos. Em sua última perda, foram levadas mais de 160 sacas, o que gerou um grande impacto financeiro.
“Estou muito desanimada em mexer com a fazenda, não confio em mais ninguém. Está super complicado, a gente só vai levando prejuízo”, afirmou Alessandra.
Alta dos preços e influência no crime
Segundo Ricardo Schneider, presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais (CCCMG), a valorização do café tem sido um dos principais fatores para o aumento dos furtos.
A inflação acumulada do café moído atingiu o maior índice em 30 anos, com um aumento de 80% nos últimos 12 meses. Além disso, problemas climáticos no Brasil, Colômbia e Vietnã reduziram a oferta global, pressionando ainda mais os preços.
“Quanto mais caro o café fica, mais atrativo ele se torna para os ladrões, principalmente nas propriedades rurais, onde está mais vulnerável”, explicou Schneider.
Diante da onda de furtos, cafeicultores realizaram uma manifestação em Campestre, exigindo mais segurança no campo. Muitos produtores questionam se vale a pena continuar investindo na produção diante dos riscos.
A Polícia Militar de Minas Gerais tem realizado operações para conter os crimes, incluindo a Operação Agro-gerais Seguro, que já resultou em prisões e apreensões de armas de fogo.
A comandante do 24º Batalhão da PM, Tenente-coronel Bianca Grossi, destacou que a instalação de câmeras de segurança com leitura de placas tem ajudado na prevenção e repressão dos furtos. Além disso, a PM mantém uma patrulha rural dedicada ao policiamento das propriedades.
A Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas Gerais tem incentivado a contratação de empresas privadas de segurança para monitoramento das lavouras. Além disso, produtores estão reforçando a comunicação com as autoridades para identificar possíveis criminosos antes que os furtos ocorram.
A Polícia Civil de Minas Gerais também criou Delegacias Especializadas para investigar crimes em áreas rurais, buscando soluções para conter a criminalidade no setor cafeeiro.
Fonte: Redação