Uma adolescente de 15 anos, moradora de Ceilândia, Distrito Federal, morreu na última quarta-feira (28 de maio) após complicações de saúde que podem estar relacionadas ao uso de cigarro eletrônico, conhecido como vape.
Médicos que atenderam a jovem suspeitam que a causa da morte tenha sido uma lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, conhecida como EVALI (sigla em inglês para e-cigarette or vaping use-associated lung injury).
A estudante vinha apresentando tosse persistente há cerca de quatro meses e passou por diversos hospitais antes de ser internada no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Durante o tratamento, os médicos identificaram que ela havia perdido o pulmão esquerdo.
Inicialmente, o diagnóstico foi de pneumonia comunitária, pneumonia por influenza A e EVALI, segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).
Após apresentar melhora com fisioterapia, a adolescente voltou a ter febre e precisou ser transferida para o Hospital Universitário de Brasília (HUB). Com o agravamento do quadro, houve necessidade de internação em UTI, mas o hospital estava com lotação máxima.
Na tentativa de garantir atendimento adequado, a jovem foi transferida para a UTI do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). No entanto, ainda na ambulância, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
Os médicos relataram que a família da adolescente não sabia que ela fazia uso de cigarro eletrônico. A informação só foi descoberta durante a entrevista médica, após o agravamento do quadro de saúde.
O pai da jovem, em luto, declarou que a família não deseja falar sobre o caso.
Até o momento, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) não abriu investigação sobre o caso. A morte foi reportada à Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), que pode iniciar uma apuração caso a família autorize.
O uso de dispositivos eletrônicos para fumar, como o vape, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Apesar disso, a comercialização ocorre de forma clandestina em diversas regiões do país.
Pesquisadores alertam que o vape contém substâncias químicas prejudiciais, como vitamina E, que pode se transformar em cristais ao ser inalado, provocando lesões nos alvéolos pulmonares e comprometendo a respiração.