Depois de dois dias de altas, o Ibovespa volta à realidade do final de 2024 e cai e com amplitude: 1,27%, aos 119.624,51 pontos, uma perda de 1.538,15 pontos. O dólar comercial, pelo menos, que começou o dia subindo com rapidez, terminou a sessão com leve alta de 0,09%, a R$ 6,10, sem sustos. Os juros futuros (DIs) terminaram o dia com baixa apenas na parte curta da curva.
Foi um dia sem muitas novidades, com a Bolsa brasileira se posicionando no negativo desde os primeiros minutos do pregão. Segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, há muitas incertezas pairando no ar. “A gente tem aqui a preocupação com o (governo de Donald) Trump, que vai mexer bastante com o mercado até os dias antes da posse, como já está acontecendo. O discurso dele deve ser bem protecionista. Aqui no Brasil, nós também temos o fiscal e diante dessas incertezas, a nossa bolsa não tem espaço para subir”.
O cenário estacionado desde o segundo semestre do ano passado levou a XP Investimentos a elevar a projeção da taxa básica de juros, a Selic, de 15% para 15,50% ao final do ciclo de alta neste ano. Além disso, a instituição adiou a expectativa para o início do ciclo de cortes, agora estimado para 2026.
No campo dos dados, o Brasil viu a produção industrial em novembro recuar, embora com forte avanço anual.
Cenário externo
Mas não havia um impulsionador claro para a sessão desta quarta-feira. Lá fora, os olhos estavam todos voltados para novos dados sobre o mercado de trabalho nos EUA, para as novas falas de Donald Trump no campo das tarifas especialmente, e para a ata da reunião de dezembro do Federal Reserve.
Antes do documento sair, um diretor do Fed dizia que novos cortes nas taxas de juros poderiam vir, mas dependia da inflação. Mas quando a ata chegou, os investidores viram um discurso duro e uma preocupação especial com a nova administração Trump.
No final, Wall Street fechou sem muita distância da estabilidade. Vale ressaltar que as bolsas não abrem nesta quinta-feira, em homenagem a Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA que morreu no final de dezembro.
Vale cai mais uma vez
A lenga-lenga que se vê nas bolsas globais neste começo de ano reflete aqui no Brasil também. A gangorra tem sido o cenário-base nestes primeiros pregões de 2025. Mas no Brasil qualquer espirro (e espirro é o que não tem faltado neste 2025) leva à cautela.
Hoje, a Vale (VALE3) chegou ao sétimo pregão de baixa, com 0,96%, com o minério de ferro ampliando perdas na China. A Petrobras (PETR4) também não ajudou e caiu 0,81%, em dia que o petróleo recou mundo afora. Os bancos tampouco fizeram algo e perderam em torno de 1%.
Nem mesmo Embraer (EMBR3), que vem rodeada de boas notícias, se safou: queda de 1,40%. As aéreas foram das raras exceções: Azul (AZUL4) subiu 0,24%, em dia de resultado da operação de troca de papeis.
Depois da indústria hoje, amanhã é dia de conhecer os dados do varejo nacional em novembro, com projeção igual: queda no mês a mês e forte alta anual. Mesmo assim, há pouca chance das coisas mudarem. Começo de ano é assim mesmo. (Fernando Augusto Lopes).
Fonte: InfoMoney