A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta sexta-feira (14) que uma guerra comercial global de grande escala poderia prejudicar especialmente os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, impulsionar um novo senso de unidade dentro da Europa.
Nos últimos meses, os EUA impuseram uma série de tarifas a aliados e adversários comerciais, gerando retaliações e intensificando preocupações sobre os impactos no crescimento econômico global.
“Se entrarmos em uma verdadeira guerra comercial, com uma redução significativa no comércio, as consequências serão graves”, declarou Lagarde ao programa HARDTalk, da BBC. “Isso afetará seriamente o crescimento e os preços em todo o mundo, mas principalmente nos Estados Unidos.”
Por outro lado, Lagarde destacou que esse cenário desafiador pode fortalecer a coesão europeia. “Sabe o que isso está provocando agora? Está despertando a energia europeia. É um grande alerta para a Europa. Talvez este seja um momento europeu mais uma vez”, afirmou.
Nos últimos anos, a União Europeia vinha enfrentando dificuldades para avançar em projetos de integração e cooperação. No entanto, diante das tensões comerciais e geopolíticas, países como a Alemanha já anunciaram aumento nos investimentos em defesa e infraestrutura, rompendo com a postura de austeridade que predominou por anos.
Além disso, Lagarde observou que esse “despertar coletivo” parece incluir até o Reino Unido, que, mesmo tendo deixado a União Europeia, vem participando ativamente dos esforços de segurança europeia.
Apesar desse movimento, muitas propostas para fortalecer a União Europeia seguem estagnadas. No ano passado, o ex-presidente do BCE, Mario Draghi, apresentou um relatório com recomendações para revitalizar o bloco, mas os líderes europeus ainda não implementaram mudanças significativas. Enquanto isso, a economia da zona do euro continua enfrentando desafios, com a Alemanha registrando dois anos consecutivos de contração econômica.
Fonte: Redação